quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Minha presença no mundo

                         
“Minha presença no mundo não é a de quem nele se adapta, mas de quem nele se insere. É a posição de quem luta para não ser apenas objeto, mas sujeito também da história.” Paulo Freire
                           É ao relacionar-se entre si e com a natureza que os homens se constituem e, nessa relação, constroem saberes, objetos, conhecimentos e cultura. Os conhecimentos e os saberes construídos historicamente pelos homens, nas relações que estabelecem entre si, nas diferentes esferas da vida social, constituem o que se chama de educação, que, compreendida na perspectiva ampliada, define-se como prática social que se dá nas relações sociais que os homens estabelecem, nas diversas instituições e movimentos sociais, por eles criados e modificados ao longo de sua história
                          Assim, em uma sociedade em que o homem é tido como su­jeito histórico e sua formação tem como objetivo o desenvol­vimento físico, político, social, cultural, filosófico, profissional e afetivo, a concepção de educação se dá na perspectiva que concebe o homem na sua totalidade. Em contrapartida, em uma sociedade em que o homem é reduzido a indivíduo que vende a sua força de trabalho, a educação passa a ter como finalidade habilitar técnica, disciplinar e ideologicamente os diversos grupos de trabalhadores para servir ao mundo do trabalho. Nessa concepção, a educação limita-se à prepara­ção de mão-de-obra, qualificando o homem para a submissão individual e competitiva à esfera econômica e ao mercado de poucos empregos.
                           A escola objetiva o cum­primento de sua função de socializa­ção do conhecimento historicamente produzido e acumulado pela humani­dade, ao passo que a empresa visa à expropriação desse saber na produ­ção de mais valia para a reprodução do capital, para manter a hegemonia do modo de produção capitalista. A escola, enquanto organização so­cial, é parte constituinte e constitutiva da sociedade na qual está inserida. Assim, estando a sociedade organizada sob o modo de produção capitalista, a escola enquanto instân­cia dessa sociedade, contribui tanto para manutenção desse modo de produção, como também para sua superação, tendo em vista que é constituída por relações contraditórias e confli­tuosas estabelecidas entre grupos antagônicos.   A Constituição Federal do Brasil de 1988 declara a educação como um direito social, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualifi­cação para o trabalho. Estabelece, portanto, a base da organiza­ção educacional do país ao firmar direitos e deveres, delimitar competências e atribuições, regular o financiamento e definir princípios como: pluralismo, liberdade e gestão democrática.
                              E também para você entender algumas maneiras de inter­pretar a relação entre a educação e a sociedade, a partir de visões da ação educativa, seja como instrumento de conser­vação, seja como fator de transformação da formação social capitalista.  Os bens saídos desse processo são apropriados pelo capita­lista, que os vende no mercado. Sua principal fonte de lucro é a exploração do trabalho assalariado, pois o trabalhador não recebe por toda a atividade realizada. A produção da merca­doria gera riquezas que são mal distribuídas na sociedade.
                             A escola pode desempenhar um importante papel na construção dessa nova sociedade, seja mostrando como são produzidas as injustiças sociais, seja estabelecendo relações democráticas no ambiente escolar, seja formando intelectuais orgânicos que vão trabalhar por transformações sociais radicais. E você, educador e educadora, pode contribuir para esse papel transformador da escola, assumindo voz ativa no seu local de trabalho.
O mundo passa por um processo de transformações muito rápidas que foram inauguradas há poucas décadas. A revolução tecnológica, com a introdução, em escala crescente, da informática, da robótica, das experimentações genéticas, das telecomunicações, informática tem mudado bastante a vida das pessoas. Essas mudanças também afetam a forma como o homem produz os bens necessários à sua sobrevivência. As conquistas científicas, infelizmente, não são apropriadas por toda a humanidade. Essas inovações são aplicadas no processo produtivo e estão substituindo boa parte da mão-de-obra que era utilizada na fabricação de produtos industrializados, na agricultura, na prestação de serviços e em uma série de atividades cuja presença do trabalho humano antes era imprescindível e agora se torna descartável. Isso tem causado o aumento das desigualdades sociais. O número de desempregados aumenta e soma-se a milhões de seres humanos que passam fome, são vitimados por doenças que poderiam ser controladas, não têm habitação, são analfabetos, não têm acesso a uma assistência à saúde de qualidade, sofrem com a devastação ambiental e passam por uma série de privações, enquanto alguns poucos afortunados gozam os benefícios da modernidade. O Brasil é um bom exemplo dessas contradições. O nosso país, por um lado, detém tecnologias de ponta na fabricação de aviões, na produção do aço, no desenvolvimento de tecnologias agrícolas, e, por outro, ainda não conseguiu sanar problemas elementares como a fome, a miséria, a falta de educação e saúde de qualidade para a maioria.

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